Um grupo de agências e fundos das Nações Unidas no sudeste da Ásia está apoiando mulheres e meninas com oportunidades de formação e treinamento em comunidades dominadas por homens.
A ação utiliza ferramentas de inteligência artificial para ajudar mulheres em situação vulnerável com ações inovadoras.
Vantagens na vida privada e profissional
Os recursos digitais são sendo utilizados também para promover mais igualdade de gênero numa região onde a cobertura de internet é grande.
O sudeste da Ásia também é conhecido pelos altos índices de alfabetização digital, o que facilita o crescimento da inteligência artificial.
Para os próximos anos, foram planejadas ações que podem ajudar muitas mulheres com vantagens em suas vidas privada e profissional nas Filipinas, na Tailândia e na Indonésia.
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Filipinas: Treinando empreendedoras em áreas remotas
As Filipinas são um país composto por milhares de ilhas e muitas têm um acesso caro e difícil a partir de centros urbanos. Moradores de ilhas mais remotas não têm como se beneficiar inteiramente das oportunidades oferecidas pela ONU e seus parceiros para treinamento e formação.
Desde dezembro de 2023, a Organização Internacional do Trabalho, OIT, tem apoiado empresários e especialmente mulheres empreendedoras com a ajuda de robôs de conversação (chatbots) de inteligência artificial.
Um dos exemplos vem da Ilha Siargao, onde o chatbot oferece aconselhamento técnico a mulheres que vendem produtos derivados do coco. Com essa tecnologia, elas também criam postagens de marketing em redes sociais como Facebook, reduzindo drasticamente o tempo diário de postagem para 20 minutos no máximo.
Antes, muitos empreendedores deixaram de utilizar as redes porque tomava muito tempo. Mas agora, o conteúdo digital é gerado mais rapidamente e com mais qualidade de vídeo ou fotos o que leva a um maior engajamento do público e mais vendas.
A OIT conta que o projeto ainda está numa fase piloto, mas a agência e seus parceiros pretendem alcançar pelo menos 15 mil negócios de pequeno e médio portes em todo o país nos próximos três anos.
Tailândia: Proteção para mulheres e meninas vulneráveis
Por quase um ano, a plataforma de inteligência artificial SoSafe tem proporcionado a mulheres tailandesas informações e conselhos sobre temas sociais incluindo gravidez indesejada, assédio sexual e violência doméstica entre outros temas. As plataformas são usadas, principalmente, por mulheres e meninas com informações verificadas para jovens e idosos sobre benefícios sociais e direitos.
O serviço é acessado por 600 mil usuários em 14 províncias do país que estão funcionando como piloto. Mais de 1 mil casos de violência doméstica foram reportados às autoridades, graças à plataforma que é gerenciada pelo Fundo das Nações Unidas para a População, Unfpa, em parceria com a Agência Nacional de Ciências e Desenvolvimento de Tecnologia da Tailândia e outros parceiros.
A informação da SoSafe vem da base de dados do governo e fontes confiáveis que ajudam a assegurar que os usuários terão informação correta.
Indonésia: Uma voz mais forte na comunidade
Nos 75 mil vilarejos da Indonésia, as decisões são tomadas por homens de meia idade que são mais propensos a participar de reuniões e debates abertos.
Ali, as discussões são dominadas por homens e a votação sobre os temas pode levar a uma estigmatização daqueles que possam discordar do chefe local. Por isso, a Plataforma de Inovação Social, SIP na sigla em inglês, decidiu apoiar uma mudança com o projeto gerido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud.
A iniciativa conta com a parceria do Ministério de Vilarejos do país e utiliza a inteligência artificial para ouvir as aspirações e opiniões dos moradores. Essas propostas então se transformam em recomendações para o planejamento local.
A aplicação da SIP também permite aos moradores e enviar suas ideias seja por vídeo, texto ou áudio, que podem inclusive ser anônimos para que todos sejam escutados.
Reformando as Nações Unidas
Para o diretor do Escritório de Coordenação do Pnud na região Ásia-Pacífico, David McLachlan-Karr, esses projetos são um exemplo da inovação tecnológica dentro da ONU e que integra a agenda de reforma proposta pelo secretário-geral António Guterres de tornar as Nações Unidas mais aptas para as demandas do século 21.
